Meia Maratona das Pontes

Sábado de noite comecei a me preparar pra corrida do domingo. Só então percebi que teria que acordar às 5 da manhã pra chegar no horário certo na Ponte Transamérica, local da largada.

Não conseguia pegar no sono de ansiedade, e acordei de hora em hora, até dar 4h40 e eu levantar de vez.

Comi o que tinha: pão sírio com geléia de frutas vermelhas e leite com café (solúvel, pra ajudar). Eu sei que não é o café da manhã ideal, mas era o que tinha.

Tomei banho, me troquei (com a roupa separada na véspera), e descobri que seria acompanhada até lá pelo marido e filhos, já acordados às 5 horas da manhã do domingo.

Estava chuviscando quando saímos de casa. Eu dormi no carro, e só acordei quando passamos a ponte Transamérica e eu vi o mundo desabando. Estava chovendo, e muito.

Paramos o carro, e eu sem coragem de descer. Fiquei esperando um incentivo pra voltar pra casa e dormir, mas ninguém me ajudou. Tirei o agasalho e corri pra fora do carro. Antes de chegar na largada, meu tênis já estava todo molhado.

Me alonguei de qualquer jeito, bem meia boca mesmo, porque estava molhada e com tanto frio que não conseguia fazer nada direito. Notei que eu sequer sabia onde seria a largada, que dirá do percurso!! Amadores são fogo.

Na linha de largada, tinha muita gente. Muita gente mesmo, apesar da chuva. Eu desconfio que se estivesse sem chuva, teriam muito mais pessoas lá, mas isso é só suposição.

7 horas, a largada. Fui correndo lentamente. O percurso começava com a subida na ponte Transamérica. A chuva formava um riacho que inundava ainda mais meus pés molhados, que delícia.

A placa sinalizando 1km foi abençoada. Eu pensei "só faltam 4km". Eu comecei a ficar com sede. O segundo quilômetro foi o mais difícil. Eu estava com sede, e parecia que eu já tinha corrido 1 milhão de quilômetros antes da placa dos 3km chegarem; tinha um pessoal entregando água, mas eu não conseguia beber e correr. Fui bebericando a água, e depois me vi num dilema: onde jogar o copinho???

Estávamos correndo na via expressa da Marginal Pinheiros, e não tem lixo no local. Vi montes de copos jogados no chão, e várias pessoas recolhendo os copinhos. Depois, vi um atleta (que deveria ser profissional) jogando o copo dele de qualquer jeito, e o copo rolando para o bueiro. Que desespero!!! Vou até mandar um e-mail pros organizadores falando pra colocar lixos durante o trajeto.

Depois disso, veio a placa dos 3km e eu agradeci por ter passado da metade do percurso sem morrer. Mas pensei inúmeras vezes "o que é que eu estou fazendo aqui?? Só uma idiota pra querer sofrer, correr 5km e ainda debaixo de chuva".

Ainda bem que eu tinha lido sobre o incentivo na corrida, na revista Runners World. E ao invés de reclamar pra mim mesma, comecei a pensar coisas do tipo "Ainda bem que tenho saúde pra correr", ou "Isso era o que EU queria, eu fiz a inscrição, eu fui buscar o kit, eu acordei cedo, eu me preparei", e isso foi me incentivando de uma forma que só notei a placa dos 4km quando a equipe de apoio (de capa de chuva, gritando para os corredores continuarem firmes) gritou "só falta mais 1, tá acabando!!).

Eu fiquei muito, muito feliz, ainda mais quando olhei no relógio e vi que tinham se passado só 37minutos desde que eu tinha começado a correr (na academia, eu estava fazendo 5 km em 55 minutos aproximadamente. E correr na esteira é mais fácil que na rua).

Quando comecei a ficar felizinha, notei que o último trecho era subir a ponte novamente. Estava meio morta, mas a todo instante tinham pessoas (corredores e apoio) gritando "vai, Tati, tá quase acabando, agora é só descida!" (o papel com o número do corredor tem o nome também, gente... Eu ainda não sou famosa! Huhauhauaha).

Na descida, eu queria correr a toda velocidade, mas fiquei com medo de me esborrachar, pois tinha uma enxurrada descendo comigo, sem contar com o fato de que eu sou estabanada.

Desci na manha, e terminei a corrida com 46 minutos.

Fui lenta? Sim, muito. Mas fiquei muito satisfeita comigo. Porque eu cheguei até o fim. Eu consegui. E quero correr de novo, muitas e muitas vezes mais. Quero correr toda semana, porque é simplesmente maravilhoso! É um sofrimento que compensa.

Assim que sairem as fotos do evento, coloco pra vocês.